O livro Hanseníase no Pará: ciência, poder e resistências traça um panorama da história social da doença no Estado do Pará, desde os primeiros registros no século XVII até os dias atuais. A partir de pesquisas bibliográficas, entrevistas e registros fotográficos, a obra aborda as vivências de pessoas submetidas à internação compulsória em hospitais-colônia, bem como de crianças mantidas em preventórios e educandários sob a égide da Política Nacional de Internação Compulsória. A tese central é de que o confinamento institucionalizado das pessoas com hanseníase foi sustentado por um entrelaçamento entre o saber científico da época, as relações de poder vigentes, o imaginário religioso dominante e a lógica excludente de classe. Mesmo diante de evidências científicas que já contestavam a eficácia do isolamento como medida de prevenção, o Estado brasileiro manteve esses espaços até o final do século XX, evidenciando traços autoritários e elitistas, com impactos profundos sobre os segmentos mais vulnerabilizados da população. Na contemporaneidade, a permanência de pessoas com sequelas da hanseníase - inclusive crianças - marcadas por condições socioeconômicas e demográficas desfavoráveis, evidencia uma doença determinada socialmente e atravessada por estigmas e preconceitos historicamente enraizados. O controle do agravo exige, portanto, muito mais do que respostas biomédicas. Implica romper com imaginários sociais estigmatizantes, desnaturalizar práticas discriminatórias e construir uma cultura de reconhecimento e dignidade. Além de investir em políticas públicas estruturantes e efetivas, comprometidas com o enfrentamento das desigualdades, com a promoção do cuidado integral, com a escuta ativa das pessoas e comunidades atingidas.
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