Composto de ritornelos, figuras que se repetem ao longo da leitura, este livro é como uma música esparsa, repleta de assonâncias e aliterações. O mesmo pássaro que canta para marcar território também convida à aproximação do desconhecido. A divisão da obra em três partes é uma tentativa de pôr ordem em meio ao caos. A primeira seção, "O mar por perto", se apresenta como um gesto territorializante, no qual os poemas parecem querer alcançar um espaço já conhecido através da cidade, da casa e da infância. Uma criança dando voltas na praça que circunda a igreja que continua redonda. Este começo soa como uma afirmação de que essa terra é nossa - realizando uma forma de pertencimento, a busca de consolo ao redor de um mundo desorganizado, como já anunciam os jornais, embora sempre relembrando que "o oco da noite é um pouco o eco do mundo". Na segunda parte, Paulo Fraga-Queiroz inicia um diálogo com diversos poetas, proclamando o momento em que o desejo se expande e "o poeta insone procura". Neste impulso, ocorre uma linha de fuga desse território anterior, mais pessoal. Ao se abandonar, o poeta encontra outros poetas: Manoel de Barros, Adélia Prado, Camões, Fernando Pessoa, Drummond etc. A partir disso, revelam-se epifanias maravilhosas acerca da noção de autoria. "Tem um poema ali encostado num canto / nem parece meu / ele que se escreveu". Por fim, na última parte, o ritmo retorna, marcando seu território, dando cadências, impondo velocidades - como acontece em 'Fusca, 1973'". Este final pode ser também um começo, bem ali, onde o mar ressurge. Catarina Costa
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