Nos versos poderosos de Muchacho e outros poemas, o poeta baiano Rodrigo Lobo Damasceno, finalista do prêmio Oceanos e semifinalista do Jabuti em 2024, vara as madrugadas de São Paulo como um lobisomem de "coração aberto e proletário", lírico e maníaco-depressivo, em bares sempre prontos para acolher seu amor rouco: "tristíssimo/ palhaço/ designado para as carícias e os suplícios/ para o martírio e o exagero/ para os vícios, os discos/ e para o festim dos sentidos". As páginas estão repletas de uma paixão violenta pela vida, pela poesia, pela liberdade, que se expressa em versos longos, a um só tempo sinuosos e incisivos, sensíveis e críticos, prontos para serem lançados no ar em voz alta - como um uivo, afinal. Saltando sem escalas de noite em noite, de bar em bar, de coração em coração, o poeta sabe que "amar em meio aos salários baixos,/ o crime organizado e a vanguarda tardia não é fácil", mas não recua. Seus passos se confundem com os ruídos e perfumes do centro de uma cidade imensa e triste que, por onde passam, revelam a persistência dos amantes sob os ataques de um tempo em que parece não ser mais possível dar corpo ao desejo. Os leitores que já frequentaram o universo dos livros Casa do Norte (2020) e Limalha (2023) vão reconhecer nesses poemas de amor a exuberância lírica e política que colocou o autor entre os destaques da nova geração. Quem ainda não seguiu essa "incógnita astrológica", um "animal de Adidas, fazedor de versos", vai descobrir que em seus poemas é sempre tarde, mas ele não se dobra até que amor e vida sejam uma única palavra: "passa de duas, você deve estar na cama/ e eu tenho medo de terminar o poema./ mas vou viver até as últimas e mais graves consequências".
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