Frequentemente se ouve dizer da inexistência ou até da irrelevância da mulher no cenário da composição musical. Parece haver um consenso entre críticos musicais e a sociedade em geral de que as mulheres foram excelentes intérpretes, mas que poucas se aventuraram na arte de compor. Ao deparar com biografias e demais leituras sobre mulheres compositoras de diferentes nacionalidades e períodos de tempo, mesmo em contextos culturais diferenciados, observa-se uma notória semelhança em suas trajetórias musicais. Neste estudo relato a vida e obra da compositora brasileira Eunice Katunda (1915-1991), abordando seus conflitos e sucessos como compositora e intérprete, bem como analisando minuciosamente suas obras para piano. Abordo também aspectos de um dos momentos mais importantes da história da música do Brasil, que foi o embate entre o nacionalismo e o modernismo traduzido pelo Movimento Musica Viva.