Pouco depois do 25 de Abril, os trabalhadores rurais do Sul ocupam a terra dos latifundiários para quem trabalharam como escravos ao longo de décadas. Em Aldeia Velha - o lugar onde decorre a acção deste romance - a sociedade depara-se de repente com as mudanças criadas pela Reforma Agrária, mas também com as consequências do fim da Guerra Colonial e as novas liberdades trazidas pela Revolução. Veremos, por isso, como reagem os que perderam as propriedades (e se insurgem ou resignam com a situação) e os que continuam a trabalhar de sol a sol, embora agora para seu próprio sustento. E também os que, depois de terem lutado anos pela democracia, são agora membros do Partido e ocupam funções de relevo, ou os que acreditaram no mundo perfeito e vêem os seus sonhos esfarelar-se todos os dias. Mas há também coisas que nunca mudam, por mais que os tempos tenham mudado: a bisbilhotice, a mentira, a má-língua, a maldade, o sofrimento. Num romance em que a verdadeira personagem é a própria aldeia - na qual o bulício das vidas individuais funciona como uma espécie de música de fundo - é curiosamente o carteiro - aquele que passa em todas as ruas e portas - o elo de ligação entre o padre, o merceeiro, o médico, a amante, o corno, o ricaço, o presidente da Junta e muitos outros, trazendo-nos a forma como cada um assimila os novos tempos e perspectiva o futuro. Porém, o muito que este homem cala é talvez aquilo que mais importa. Carlos Campaniço, no seu estilo inconfundível e uma linguagem que é um tremendo veículo sensorial, oferece-nos com A Cinco Palmos dos Olhos mais uma obra profundamente original.
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