As crônicas publicadas por Graciliano Ramos e reunidas postumamente em dois livros Linhas tortas e Viventes das Alagoas são a viga mestra de investigação deste livro. Empreende-se uma abordagem sucinta da crônica enquanto gênero literário, analisa-se também como o escritor alagoano se apropriou do gênero como laboratório literário em dois momentos distintos, primeiro no Rio de Janeiro e depois em Palmeira dos Índios, Alagoas. O livro enfoca a terceira investida do autor no gênero, novamente no Rio de Janeiro, quando as crônicas não são mais meio de experimentação literária e sim meio de sobrevivência, espaço de reflexão literária e divulgação do pensamento crítico-estético do cronista. No livro, elas não aparecem esquadrinhadas em separado, mas são utilizadas ao longo das discussões. Em Viventes das Alagoas aparecem os textos produzidos para a revista Cultura Política, publicação subordinada ao Departamento de Imprensa e Propaganda da ditadura varguista. Averigua-se essa agência e seu papel, além de perquirir as circunstâncias que levaram Graciliano Ramos a colaborar por quatro anos em um Aparelho Ideológico do Estado, regime que o encarcerou. O livro esquadrinha o período em que Graciliano colaborou na referida revista e analisa as crônicas editadas por ela. Essa crônicas, segundo alguns estudiosos, foram escritas motivado apenas pelas carências econômicas do escritor, outros levantam a suspeição de que esse conjunto de textos abraça o projeto cultural e político getulista. O autor do livro empreende um estudo acerca da entrada do escritor para a revista, que era um Aparelho Ideológico do Estado Novo, o papel dela no projeto cultural estado-novista e analisa pormenorizadamente as crônicas publicadas na Cultura Política com o objetivo de responder como esse conjunto de textos, prenhes de ironias e tons acrimoniosos, respondeu ao estado de exceção, suas estruturas coercitivas e ao projeto nacionalista gestado e propagandeado por essa revista. O narrador da Cultura Política se alinha ao projeto cultural estado-novista ou se pela contraversão, se serve do uso precioso da palavra, da ironia sublinear, para minar as posições culturais e ideológicas da revista?
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