Geociência Crítica: Feminismo, Antirracismo e Justiça Socioambiental emerge da experiência transformadora de uma engenheira geóloga recém-formada pela Universidade Federal de Ouro Preto, em 2016. Ao aplicar questionários sobre percepção de riscos de deslizamentos em bairros de alta vulnerabilidade socioeconômica, Talita confronta-se com a dura realidade dos moradores e questiona a pertinência de uma ciência cartesiana que ignora questões políticas e sociais e a sabedoria popular. A fala de uma senhora entrevistada, clamando por serviços urbanos essenciais, em vez de manifestar preocupações com a instabilidade da encosta a ser investigada, marca profundamente a autora e a impulsiona a repensar o papel da ciência, bem como sua própria atuação como pesquisadora e geóloga. A obra explora a interseccionalidade de gênero, raça e classe, fundamentando-se em autoras como bell hooks, Carla Akotirene, Cida Bento, Silvia Federici, Sueli Carneiro e Veronica Gago. Analisa como racismo, capitalismo e patriarcado se refletem na segregação espacial, na distribuição desigual de recursos e nos conflitos territoriais, com especial atenção à vulnerabilidade das mulheres não brancas. Com isso, evidencia a importância de políticas públicas e de processos participativos de gestão territorial, que considerem as vozes e as experiências das comunidades afetadas diante de desastres ambientais, insegurança hídrica e impactos provocados pela indústria mineral. Mais do que uma análise teórica, o livro propõe ações transformadoras, convidando o leitor e a leitora a refletirem sobre seu papel na reprodução de desigualdades de gênero, raça e classe. Em um olhar crítico sobre a colonialidade do saber, Talita aborda a urgência de desconstruir o elitismo teórico das universidades e de valorizar as epistemes não brancas, os saberes tradicionais, as tecnologias sociais e a resiliência cotidiana de populações marginalizadas. A autora defende um conhecimento situado, atento ao lugar social e geográfico, e destaca o papel da branquitude na perpetuação do racismo. Por fim, o livro conclui com um chamado a uma nova ética nas Geociências, instigando os profissionais da área a repensarem as suas práticas e a se engajarem na construção de uma ciência e de uma técnica mais justas, inclusivas e comprometidas com a realidade concreta dos territórios e das comunidades marginalizadas.
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