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Faz alguns anos que nos deparamos com tretas que interrompem os fluxos de avenidas e empresas, paralisam terminais de ônibus e aplicativos de entrega, tumultuam quebradas e escolas, sem adquirir contornos bem definidos. Tão explosivas quanto fugazes, elas escapam às formas que enquadraram o conflito social até o fim do século passado. A multidão que tomou as ruas brasileiras de assalto em junho de 2013 não era, afinal, fruto do "trabalho de base" e do "acúmulo de forças" que estavam até então na ordem do dia da militância de esquerda. Para sondar como a revolta irrompeu - e pode voltar a…mehr

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Produktbeschreibung
Faz alguns anos que nos deparamos com tretas que interrompem os fluxos de avenidas e empresas, paralisam terminais de ônibus e aplicativos de entrega, tumultuam quebradas e escolas, sem adquirir contornos bem definidos. Tão explosivas quanto fugazes, elas escapam às formas que enquadraram o conflito social até o fim do século passado. A multidão que tomou as ruas brasileiras de assalto em junho de 2013 não era, afinal, fruto do "trabalho de base" e do "acúmulo de forças" que estavam até então na ordem do dia da militância de esquerda. Para sondar como a revolta irrompeu - e pode voltar a irromper - do cotidiano massacrante de trabalho nas cidades, é indispensável trazer a investigação para o centro da preocupação política. Neste livro, reunimos alguns resultados provisórios da nossa investigação militante - para, quem sabe, encontrar outros navegantes inquietos à deriva.

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Autorenporträt
Num tempo em que as respostas prontas para a velha pergunta "¿o que fazer?" naufragam em meio ao nevoeiro, é preciso desconfiar dos mapas já traçados e explorar o entorno com atenção. Ao insistir em navegar sem horizonte à vista, contudo, nos vemos constantemente no papel daquela senhora que reconhece a ilusão, mas não pode abrir mão dela. Faz alguns anos que nos deparamos com tretas que interrompem os fluxos de avenidas e empresas, terminais de ônibus e aplicativos de entrega, quebradas e escolas, sem contornos bem definidos. Tão explosivas quanto fugazes, elas escapam às formas que enquadraram o conflito social até o fim do século passado. A multidão que tomou de assalto as ruas brasileiras em junho de 2013 não era, afinal, fruto do "trabalho de base" e do "acúmulo de forças" que estavam até então na ordem do dia da militância de esquerda. Para sondar como a revolta irrompeu - e pode voltar a irromper - do cotidiano massacrante de trabalho nas cidades, é indispensável trazer a investigação para o centro da preocupação política. A ideia de "enquete operária" foi retomada por alguns militantes na década de 1960 a partir da constatação do naufrágio do movimento revolucionário no pós-guerra: se nos dois lados do Muro de Berlim a exploração do trabalho seguia a todo vapor, nada estava resolvido. Era preciso voltar a atenção às lutas concretas que surgiam nesse novo cenário, pois só elas poderiam fornecer uma perspectiva de transformação real. É nas disputas de cada tempo histórico que a classe trabalhadora toma forma. Assim como o futuro, ela não está dada: não é uma identidade fixa e atemporal, mas se transforma junto com as forças produtivas do capital. Desde a chamada reestruturação produtiva, o proletariado é uma incógnita. Se ao longo do período fordista ele ocupou um lugar cada vez mais claro na cena política, suas aparições recentes são esquivas, confusas. O interesse pela "enquete operária" recupera um nome antigo para uma prática política investigativa - mas, num tempo em que a exploração há muito extrapolou os muros da fábrica, consumindo cada segundo da vida, e em que sofrimento e controle são os maiores produtos de qualquer trabalho, não seria mais adequado ter em vista uma "enquete anti-operária"? A experiência negativa do trabalho nos dias de hoje nos força a reconsiderar mesmo as tarefas que soariam óbvias. Quando as lutas não resultam em nenhum "acúmulo organizativo" que não se volte contra elas mesmas e a própria militância parece estar sempre a um passo da gestão, é apenas nos momentos de conflito aberto que se vislumbram faíscas de recusa. Ao mesmo tempo, o esforço de intervenção nessas irrupções efêmeras produz uma espécie de "militância freelance", que reflete a fluidez e a desagregação do mundo ao nosso redor: a organização militante também se dispersa na neblina. Reconhecer essa condição de instabilidade significa assumir nossa prática como "resíduo" e não "acúmulo": momento de juntar estilhaços, elaborar as derrotas e manter-se à espreita dos próximos tremores. Usando nomes que vêm e vão junto com as lutas, temos nos esforçado para tatear o terreno e formular o impasse, enquanto ponto de partida para a ação e a reflexão. Há quase dois séculos, assombrado com a guerra de classes que incendiava as ruas de Paris, um atento aristocrata escreveu: "estou cansado de pensar, mais uma vez, que alcançamos a costa, e descobrir que ela era apenas um enganoso nevoeiro. Frequentemente me pergunto se a terra firme que há tempo procuramos realmente existe, ou se nosso destino é navegar em um mar tempestuoso para sempre". Do lado de cá da trincheira, ainda atordoados, tratamos de nos perguntar: mas será mesmo a segurança da terra firme que buscamos?