O Grande Inquisidor, capítulo inserido no romance Os Irmãos Karamázov, é um dos textos mais intensos e provocadores de Fiódor Dostoiévski. Apresentado como um poema filosófico narrado por Ivan a seu irmão Aliócha, o episódio imagina o retorno de Cristo à Terra, durante a Inquisição espanhola, e o encontro entre Ele e o poderoso cardeal conhecido como Grande Inquisidor. A cena se passa em Sevilha, em meio às fogueiras da heresia, onde Cristo é imediatamente reconhecido pelo povo - e imediatamente preso pelas autoridades religiosas. Durante a noite, o Grande Inquisidor visita Cristo na cela e pronuncia um monólogo longo e implacável. Nessa fala, o cardeal acusa Cristo de exigir do ser humano uma liberdade que o homem não deseja ou não suporta. Segundo ele, ao rejeitar as três tentações do deserto - milagre, mistério e autoridade - Cristo teria deixado o mundo entregue à angústia da escolha e ao peso da responsabilidade. A Igreja, afirma o Inquisidor, corrigiu o "erro" de Cristo ao guiar as massas com autoridade, segurança e obediência, oferecendo paz em troca da submissão. Cristo, silencioso durante todo o discurso, responde apenas com um gesto: um beijo no velho cardeal. Esse gesto desarma momentaneamente o Inquisidor, que o liberta, mas com a condição de que Ele jamais retorne para atrapalhar a ordem que a Igreja estabeleceu. A tensão entre liberdade e segurança, fé e poder, perpassa todo o texto, deixando ao leitor a tarefa de julgar o conflito sem respostas fáceis.
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